segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O GAROTO DA BICICLETA

Beatriz Braga

Uma criança solitária e uma incessante busca pelo amor. O filme O Garoto da Bicicleta (Le Gamin au Vélo), exibido ontem, domingo (6), lotou o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco no terceiro dia do festival. A obra dos irmãos Jean Pierre e Luc Dardenne (O silêncio de Lorna, Rosetta, A criança) conta o drama de um garoto abandonado pelo pai, a recusa do primeiro em aceitar a rejeição e a do segundo em acolher o amor do filho. Eis que a cabeleireira Samantha surge para devolver a bicicleta perdida da criança, um velho presente do pai, e acaba restaurando o vazio da vida do menino. O objeto era a última ligação de pai e filho e acaba se transformando no vértice de uma nova família.

O amor está disponível para aqueles que estão preparados para recebê-lo. Os laços convencionais e familiares perdem a primazia em detrimento à força de vontade e os corações abertos. As cenas de cores fortes conduzem a torcida do telespectador para que o mundo aceite o suplício de uma criança hostilizada pelo meio em que foi criado. O menino dos irmãos Dardenne é uma dubiedade criada pelo universo vil que habita. Ele leva a persistência, bondade e inocência de uma criança com a seriedade de um adulto amargurado. As ruas estão prenhas de maldade: violência, raiva, tráfico, abuso infantil. Para todos os efeitos, a arma mais eficaz é o amor puro e consequente. A criança que ora roubou sem intenção de lucro ou benefício, por fim, aprende o que é certo sob os braços dedicados da pessoa que o aceitou.

O longa foi lançado este ano e levou a estatueta do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes. A dupla belga primou na escolha do elenco, a atuação excelente e madura do jovem protagonista, Thomas Doret, entrou em completa sintonia com a atriz belga Cécile de France. O filme é, enfim, um conto sobre uma história de amor que brota da decepção. As pessoas crescem em torno de crença e desejos envolvidos por algum pacto social. No entanto, a vida se mostra mais frutífera quando se entende que se está procurando satisfação nos lugares errados.

2 comentários:

  1. queria ter visto este filme. mas a maratona está barra, rs. os olhos míopes começam a ficar cansados e ainda tem a vigem de volta pra o janga, rs. umbeijo, bia.

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  2. pode crer, juva. também chorei a perda deste. mas esse troço de ser bicho homem tem umas limitações irritantes da porra...dormir, comer. e bia, não vi o filme, mas já gostei pela crítica. bjo

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