Domitila R. Menezes de Miranda
Sobre
"Conference", de Norbert Pfaffenbichler (Áustria)
A obra “conference” ativa reflexões tão objetivas quanto sensíveis à sincronicidade. A simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos. Dentre possíveis paralelos, o presente imaginário, o novo homem imerso à transformações de caracteres simbólicos do inconsciente coletivo, toda as eras da História guardadas em memória. Em sintonia com o êxtase criativo das faculdades mentais latentes ao ser humano. A fonte inesgotável de criatividade sob qualquer falha tirana, que deprima, deturpe-o da plenitude de seu perfeito organismo. Imagem e semelhança do Creador Universal.
Em meio à conversas aparentemente sem sentido na película, incoesões sonoras, timbres graves e distonias entre os principais líderes do nazismo, uma espécie de documentário e re-significância do mesmo. Isso é, por um lado, os acontecimentos da História-problema e a ciência do Homem no presente tempo. Os diálogos da arte, a mais antiga das ciências, por muitos pensadores, não considerada. Em preto e branco, um convite à luminosidade da potência de um pensamento reformulador de qualquer atmosfera nostálgica de sofrimento. Por vezes, a lembrança do músico-compositor Hermeto Pascoal, gênio da sensibilidade e captação sonora. Qual tudo vê possibilidade de arte musical, no que diz respeito à Criação de alto timbre vibracional sinestésico, via os sentidos do coração.
Equilibrando o pensamento da causa, o amor incestuoso, dos vários atos tirânicos do passado, a lembrança à Idade Barroca, imergida do ser mais profundo e belo, em ligação com um dos maiores gênios da história da arte, Charlie Chapplin. Misturas que somente hoje, agora, em plena efervescência vital contemporânea, libertariamente, vivemos. Incrível a unidade com todos o expectadores presentes, que pareciam estar sentindo o mesmo em diversidades particulares.
A sessão do programa "O cinema remixado", domingo no Cinema da Fundação, contou com um público jovem. Dois casais adolescentes em particular, na faixa dos 14 a 18 anos, assistia a sessão misturando risadas, carinhos, beijinhos com barulhinhos suaves embalando a experiência da projeção. União transcendental que nos leva a sentir os sinais de Deus presente em tudo qual permite a efervescência da vida e suas borbulhas do amor , intensas e além das palavras. Compreensão tão individual como repleta de responsabilidade à arquitetura de novas demandas sistemáticas sociais, tão subjetivas quanto objetivas. A luz da razão, que pela pureza, magicamente modifica. Desejo vivo e inocente de continuar. É como ver beleza no aparente vácuo existencial, ou paradigmaticamente feio.
Sobre
I´m not the enemy (Bjorn Melhus; Alemanha, 2010)
Como o próprio título afirma, "I´m not the enemy", sugere um dos significantes do filme anterior "Conference". As múltiplas possibilidades de visão de aparentes doenças psíquicas ou transtornos mentais, dentro dos estudos da "psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais" , pelo autor Paulo Dalgalarrondo. Com o alicerce da criatividade artística, o cenário harmonioso e hilário do filme. Um dos personagens com uma linda camisa florida, um piano, branca neve, árvores verdejantes mesmo em um clima frio. Tudo muito surreal. Em meio à diálogos existencialistas, três personagens: o filho, a mãe e o pai. Em partes, todos se misturavam dentre um só personagem. Um transcendente convite à reformulação de timbres sonoros expressados no roteiro, incluindo instrumentos agressivos, como armas.Novas "pegadas" musicais, em uma versão de apreensão e domínio do fluido movimento, ligados à ativação dos humores divertidos . Evoluindo, então, os processos psicológicos.
Na sala de cinema, belas risadas surgiram na platéia, em um ritmo contagiante, nos fazendo perceber diversos tons acentuadores da alegria viva em cada ser, além das misérias. Uma viajem ao auto conhecimento questionador, através de nosso interior, em integração com tudo o redor. Sempre em busca da perfeita batida, em diferentes significados do que seja a perfeição. Como um tambor ativando o som do coração, a permanência de um "eu" vivo em eternidade, e para além das identificações insanas ou sãs. Enfim, bela película que faz pulsar à disciplina das reformulações dos conflitos sociais, e atenuar a má educação qual deturpa e destrói a plenitude da beleza. A dança diária que nos move à altas vibrações sinestésicas, que une vida e morte, transmutando do senso comum, todo o sofrimento.
Sobre
Stardust, Nicolas Provost; Bélgica, 2010
Um carro branco e um prata, uma rodovia, uma parque de diversões são elementos que geram partida à obra. Dentre os cassinos de Las Vegas, prostituição, máfias das mais variadas, comunicações e símbolos lúdicos quais permitem a possibilidade de repensar esses tópico que, na verdade, são bastante "tocados" no mundo inteiro.
Las vegas, símbolo de consideração pela abundância dos mais variados entorpecimentos, refletida por uma ótica em "Stardust", direta e variada. Tragetória que ao longo das "pistas", podem parecer inexperadas ou paradoxais, contornando a atenção ao que transporta o pensamento às possibilidades da invisível consciência que perpassa qualquer realidade material. Dentre homens gordos em máquinas de jogos, celulares, um clima denso, uma realidade que ao mesmo tempo, é vida.
Tudo parece ser renascimento, crescimento, florescimento e recomposição. Os exageros quais repelem as sagradas vibrações da consciência de reformular e desarmar o homem-objeto de suas próprias prisões tão subjetivas quanto objetivas. Impressionante idealização que torna-se instrumento representante de observações e mudanças à restruturações sistemáticas. Ao mesmo tempo, belas paisagens da arquitetura da cidade. Urbanismo repleto de luzes coloridas que são reveladoras de sentidos múltiplos de um mesmo olhar. Desse modo, a qualquer hora do dia, ou do tempo, espíritos engenhosos, predispostos à realização de novos feitos. Estão jogando o jogo de hoje, que é discernir os caminhos de amanhã, que permitem a uma dada sociedade cumprir sua missão e ganhar seu sustento.
A velocidade do tempo situada na obra, em seu profundo sentido de transformação, desmancha os "nevoeiros" colossais pondo a nu o princípio, cujo sentido, não aparente, captado a partir da singularidade do expectador. Com neutralidade aguçada e traços criativos, o diretor se mostrou a todo instante, em contraste com a realidade objetiva de Las Vegas. Aos olhos atentos, é possível encontrá-lo em símbolos mais variados, com exemplo, a última cena: uma mulher vestindo camisa preta e calça jeans branca. Um homem que inexperadamente, retira sutilmente algo da camisa da mesma mulher de branco. O que mais parece um ato de cuidado com o outro, um ato de amor. A criatividade espontânea de significado que surpreendentemente faz mágica.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
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