Pethrus Tibúrcio
O curta que abre o programa nasce no momento em que a arte começa a questionar os limites da própria arte. Incêndio (Fire, de Karen Akerman e Miguel Seabra, 2011) trata da perfeição inalcançável, de vingança, superação e da própria morte. Carregando uma bela direção de arte e unindo o poema de Goethe à melodia de Schubert, o curta lembra ao espectador que, ainda que não sintamos sua aproximação, o destino é sempre a morte, representada pelo Erlkönig. A câmera é quase sempre estática, a quarta parede é derrubada e as atuações são robóticas, o que dá ao curta um suspense que se torna cansativo.
Martha Medeiros já dizia que “a surpresa é um susto, uma taquicardia, uma cilada” e é da forma mais bem humorada que Urso (Bear, Nash Edgerton, 2011), passa isso para o cinema. Jack é o tipo de pessoa conhecida por não ter limites e que acaba se surpreendendo com as conseqüências. Surpreendente, no mínimo, o filme é.
Duas mulheres discutem preferências sexuais, visões políticas e experiências com dominação e sadomasoquismo (DSM). O curta começa tratando das estruturas de poder pessoais, do reino do superego e da abdicação do controle. Mas o fio de TSE (Out, Rooe Rosen, 2010) fica perdido quando entram na questão do exorcismo e uma das personagens, que se declara de extrema direita, afirma viver com Lieberman dentro do seu corpo e se presta a uma tentativa de exorcismo em que, esporadicamente, citações do político israelense são externadas.
O primeiro filme exibido na IV Janela Internacional de Cinema do Recife, Las Palmas (Johannes Nyholm, Suécia, 2011) não deixou a desejar em nenhum aspecto. O curta consegue ser nostálgico e, ao mesmo tempo, completamente inovador. Com marionetes, tecidos e um bebê que não chega aos dois anos de idade, cenário e narrativa se constroem. No cômico paradoxo que existe entre personagem e atriz e apesar do aspecto lúdico que conduz o filme, o turismo de Las Palmas talvez não pudesse melhor representado.
domingo, 6 de novembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pethrus, man.
ResponderExcluirsenti falta de uma extensão sobre o "Bear".
cê poderia ter deslindado um pouco da trama para externar a impressão de algo surpreendente. eu gostei muito do filme, e embora tenha pensado na circunstância do homem vestido de urso ser confundido como um urso verdadeiro, não imaginei o impacto do final, rs, literalmente.
e "Las Palmas" parece mesmo um queridinho do Festival. Muito comovente, singelo, bem humorado. Sagaz.
Acho que cê poderia ter cedido mais espaço aos dois, ao invés de "Incêndio" e "Tse", destacados em pontos negativos no teu texto.
Vamos que vamos, abraços.