sábado, 12 de novembro de 2011

INTERNACIONAL 2 – QUATRO MULHERES

Bárbara Buril

Quatro modos de libertar-se e deixar-se libertar

Um senhor doente, na cama, tem uma fantasia: ter um encontro sexual com uma prostituta travesti. Imobilizado, quem faz o convite? A sua esposa. É constrangedor, mas Aliya, a prostituta, aceita o desafio. Fourplay: San Francisco (Kyle Henry, 2011) conta a emocionante história de um episódio que tinha tudo para marcar a vida de um homem heterossexual, mas que acaba sendo inesquecível para a própria prostituta.

Tom diz “sim” com duas piscadelas do olho e “não” com uma. Só sente a face e os pés. Apesar das limitações físicas, o homem consegue, com o dedão do pé, dar a Aliya o orgasmo nunca alcançado. A situação, apesar de cômica, consegue ser traduzida de uma forma impecável: a música é romântica, o quarto está à meia-luz e Tom olha para a mulher com toda a serenidade do mundo. Uma virgindade, ali, está sendo rompida.

Justine, a personagem do curta-metragem Junior (Julia Ducournau, 2011), também guarda um segredo. Assim como outras meninas do seu colégio, sofre de uma maldição metamórfica: dores no estômago, vômitos e fissuras na pele é o preço da transformação das meninas em mulheres. Junior, como é chamada no colégio, agora assume a identidade Justine.

A vazão ao orgasmo e à exploração do gênero é dada. Em Girl (Fijona Jonuzi, 2011), há a libertação de regras sociais. Hanna, de 32 anos, a convite de um desconhecido em uma loja de conveniências, vai parar em uma festa de apartamento com cinco jovens de 20 anos. Inicialmente, ela sente-se incomodada com a diferença de idade e eles mostram-se surpresos. Depois de bebidas e cocaína, esquecem o problema e aproveitam a noite.

Já quem assombra o cotidiano de Daphnèe, uma jovem adolescente haitiana, é o espírito de Marassa. Em lugares inadequados, ele toma o corpo da menina. Diferentemente do espaço urbano dos três curtas do programa Quatro Mulheres, o universo de Sève (Louise Botkay, 2011) se dá no contexto mágico das religiões africanas do Haiti. Assim como Aliya, Junior e Hanna, Daphnèe também precisa se libertar. É só esperar finados acabar, época em que os espíritos bêbados e brincalhões descem mais facilmente.

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