terça-feira, 20 de outubro de 2009

Interações humanas peculiares



Por Doralice Amorim

Na segunda noite da Mostra Competitiva Internacional (18/10), as Interações humanas foram abordadas na programação da Janela. Ao fim da sessão, alguns da platéia afirmaram não conseguirem evidenciar uma unidade nítida entre os filmes apresentados. Talvez essa diversidade tenha sido o pondo forte da programação. A partir de histórias bastante variadas, foi possível estabelece-se um elo entre os personagens apresentados, suas vidas, seus relacionamentos e conflitos.

O primeiro filme, Nós, 1ª pessoa do plural (Alemanha, 2009)- foto -, talvez tenha sido o mais convidativo da sessão. Logo nos primeiros instantes da produção, o personagem fala, diretamente, para público, dando a entender que a partir daquele momento todos, inclusive, os espectadores vão se deparar com histórias e questionamentos comuns aos homens. Esse sentimento de coletivizar o seu filme, no sentido de, através dele, conseguir atingir toda a platéia e incitá-la a fazer também parte daquele universo, está sendo uma constante entre os realizadores da Janela.

O filme universaliza todos, pois trata, essencialmente, de padrões humanos que se repetem, de histórias de amor que tem o mesmo fim, e da previsibilidade que parece ser latente ao homem. A partir de narrações que vão se encaixando, em sintonia, com as imagens apresentadas, a platéia tem a sensação de pertencer àquele meio, de ser talvez uma daquelas pessoas presentes na multidão, de compartilhar as mesmas perguntas. E tenta entender, como o personagem, o que seria necessário para a renovação humana?

Dearest(Canadá, 2008) tratou, em apenas cinco minutos, das interações humanas em seus momentos mais íntimos e efêmeros. O diretor Ian Strang, presente na sessão, ressaltou que teve a idéia para o filme, após ver uma exposição de Monet, e, como o pintor, tentou interpretar e representar os momentos mais fugazes e passageiros da vida, através da sua arte. O Jardim de Inverno (Inglaterra, 2008), uma animação de dois minutos, também abordou as relações humanas diretamente. De uma forma bastante sutil e engraçada, os personagens tentam superar o tédio e chateação e os espectadores se rendem as risadas. Talvez por entenderem o quanto uma tarde aparentemente tranquila pode ser monótona.

A noite foi encerrada com uma produção portuguesa bastante simpática e mágica. Canção de Amor e Saúde(Portugal, 2009) conta a história de um homem em busca amor. O personagem, João, é o único funcionário de um estabelecimento comercial de chaves e sua vida fundamenta-se na possibilidade do encontro amoroso. Seu trabalho, mesmo desinteressante, é o ponto de partida para a sua realização. O colorido, as músicas e os comportamentos dos personagens, fazem do filme uma produção peculiar e interessante, onde o real e o fantástico se misturam e o sonho ganha um destaque singular.

O filme Jade (Inglaterra, 2009), de Daniel Elliot, também foi apresentado na sessão.

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