domingo, 18 de outubro de 2009

As Imagens Doce-Amargas














(Foto: A Mulher Biônica)

Por Doralice Amorim

A Mulher Biônica (CE, 2008) de Armando Praça, deu início ao segundo programa da Mostra Competitiva Brasileira, na noite de sábado (17-10-09). O diretor foi feliz ao trabalhar a idéia da força da mulher biônica em contraponto com uma personagem que é, na verdade, sofrida e infeliz. Marta é construída em função dos seus dilemas, na sua convivência com os outros e consigo mesma. Os espectadores têm a impressão de estarem contemplando as ações e lembranças, não só da personagem, mas de diversas outras mulheres que são obrigadas a desenvolverem superpoderes para enfrentarem a realidade em que vivem.

Com grande entusiasmo, o público recebeu Sweet Karolynne (PB, 2009) de Ana Bárbara Ramos. O documentário apresenta, com uma abordagem bastante dinâmica e interessante, a jovem Karolynne, uma criança que esbanja maturidade e frases de efeitos, incomuns para a sua idade. O universo curioso ao qual Karolynne pertence, povoado pelo galo Jarbas e pelo pai que faz cover de Elvis Presley, é desenvolvido em segundo plano. É interessante observar como a precocidade e a ingenuidade de uma criança podem ser tão encantadoras quando apresentadas juntas. Karolynne é um exemplo de criança que tem muito a ensinar aos mais velhos.

Matryoshka (CE, 2009) filme de Salomão Santana, presente pela segunda vez na Janela de Cinema (seu polêmico filme Jarro de peixe inquietou o público ano passado), trabalhou o sentir-se estrangeiro em seu próprio país, o não ter identidade com a sua terra, com a sua origem. O cineasta tentou construir, através da sua personagem, a idéia do "existir na frente da câmara" e da coletividade, da criação de um vínculo entre o filme e o público (desejo explicitado pelo próprio Salomão em debate após a sessão). Os espectadores não deram sinal e não há como se afirmar se tal expectativa foi alcançada. Talvez, o clima de solidão e de busca por uma identidade, tenha captado alguns da platéia, ao mesmo tempo em que, foi indiferente para outros.

A noite foi encerrada com o filme mais belo e simpático da programação, O teu sorriso (Rio de Janeiro, 2009) de Pedro Freire, contou com um elenco de destaque (Paulo José e Juliana Carneiro da Cunha). O estranhamento de se deparar com um casal que começou a namorar, ele com 72 anos e ela com 60, é logo substituído pelo interesse e pela curiosidade em compreender e observar a construção daquele romance. Em doze minutos, a platéia tem a sensação de conhecê-los. Entre risos e declarações eles dão dicas de como eram no passado e de como pretendem construir um futuro juntos. O encantamento do público é nítido, durante o filme, pelo contato com um amor tão real e palpável.

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