quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Amor, Perdas e Danos
Foto: Please say something
Não necessariamente nessa ordem
Por George Carvalho
Os danos, tal qual o amor, não são mensuráveis: são perceptíveis. E a morte como um desses males - talvez o mais lacônico, porém longe de ser o mais latente –, aparece nos seis curtas estrangeiros que integram o bloco de filmes intitulado Amor, perdas e danos, da segunda edição da Janela Internacional de Cinema do Recife.
No paraguaio-argentino Noche adentro (Noite adentro), que abre o bloco, o fator morte surge no início, tanto da trama quanto da vida conjugal de um casal cujas bodas ainda estão sendo comemoradas. Durante os dezessete minutos do filme, ela vai sendo consumida à medida que consome os protagonistas.
Já na animação sueca Drömmar fran skogen (Sonhos da floresta), que encerra o programa, a morte aparece personificada na figura de uma caveira, um dos três personagens da história que encanta não pelo enredo em si, mas pela forma como ele é contado, através do recurso de luz e sombra.
No entanto, se neste caso a forma subjuga o conteúdo sem prejudicar o todo, o mesmo não acontece com Please say something (Por favor fale alguma coisa), co-produção da Alemanha e da Irlanda. A psicodelia extrema compromete uma maior apreciação do romance entre uma gata e um rato, bem como de todos os nuances que essa relação pode oferecer, mesmo se passando "num futuro distante".
O curta de animação norte-americano Horn dog (Cão tarado) e o alemão Rikkomus (Afronta) usam a morte como um dos elementos de desfecho. Os danos daí advindos, não necessariamente prejudiciais, também são insinuados nos filmes. No primeiro, vale destacar as ironias de um roteiro criativo; já no segundo, a dissimulação da protagonista de um enredo com situações pouco originais.
Dos filmes do grupo, o espanhol Cabaret Kadne (Cabaré Kadne) é o que lida com a morte – e consequentemente com os demais elementos presentes no título do programa – de maneira mais sutil. A utilização de bonecos para retratar os artistas de cabaré que sobrevivem da paixão não poderia ser mais justificada.
E na tela, assim como fora dela, vão se sucedendo amores e perdas – não necessariamente nessa ordem – captados de diversas formas: breve, poética, confusa, concisa, dissimulada, sutil. Quanto aos danos, são a própria projeção dos outros dois – ou não são nada além disso.
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